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História do RAP 

Criado nos Estados Unidos, o rap - uma abreviação para rhythm and poetry (ritmo e poesia) - é um gênero musical nascido entre negros e caracterizado pelo ritmo acelerado e pela melodia bastante singular. As longas letras só quase recitadas e tratam em geral de questões cotidianas da comunidade negra, servindo-se muitas vezes dos grais correntes nos guetos das grandes cidades. Chegou ao Brasil na década de 80, mas somente na década seguinte ganhou espaço na indústria fonográfica. 

Diz-se que o Rap surgiu na Jamaica mais ou menos na década de 60 quando surgiram os "Sound Systems", que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos "toastes", autênticos mestres de cerimônia que comentavam, nas suas intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais prosaicos, como sexo e drogas. 

No início da década de 70 muitos jovens jamaicanos foram obrigados a emigrar para os EUA, devido a uma crise econômica e social que se abateu sobre a ilha. E um em especial, o DJ jamaicano Kool Herc, introduziu em Nova Iorque a tradição dos "Sound Systems" e do canto falado, que se sofisticou com a invenção do scratch, um discípulo de Herc. 

O primeiro disco de Rap que se tem notícia, foi registrado em vinil e dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram piratas) por volta de 1978, contendo a célebre "King Tim III" da banda Fatback. 

O Rap, a princípio chamado de "tagarela", ascende e os breakers formam grupos de Rap. Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de Rap Nacional, a coletânea "Hip-Hop Cultura de Rua" pela gravadora Eldorado. Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e outros grupos iniciantes. 

Nesse período de Ascenso do Rap, a capital paulista passou a ser governada por uma prefeitura petista, o que muito auxiliou na divulgação do movimento Hip-Hop e na organização dos grupos. Por esse motivo foi criado em agosto de 89 o MH2O – Movimento Hip-Hop Organizado, por iniciativa e sugestão de Milton Salles, produtor do grupo Racionais MC's até 1995. O MH2O organizou e dividiu o movimento no Brasil. Ele definiu as posses, gangues e suas respectivas funções. 

Nesse trabalho de divulgação do Hip-Hop e organização de oficinas culturais para profissionalização dos novos integrantes, não podemos esquecer de citar a participação do músico de reggae Toninho Crespo. Este trabalho teve sua continuidade no município de Diadema com o profissionalismo de Sueli Chan (membro do MNU - Movimento Negro Unificado). 

Desde seu surgimento, nos anos 70, numa Nova Yorque violenta como nunca, o rap impôs a discussão de questão negra. Os Estados Unidos viviam neto a ressaca de conflitos raciais que incluíram desde o Pacífico movimento pelos direitos civis de Marti Luther King até a militância armada dos Panteras Negras. No Brasil, o debate se intensificou após a projeção do grupo americano Public Enemy, na segunda metade dos anos 80. Seus clipes mostraram um novo mundo de ideias para os rappers brasileiros. Grupos como Racionais e DMN admitem Chuck D & Cia. como influência maior. Os ícones Malcolm X e Martin Luther King tornaram-se leitura de cabeceira. 


O HIP HOP no Brasil 

No Brasil, o Hip-Hop chegou no início da década de 80 por intermédio das equipes de baile, das revistas e dos discos vendidos na 24 de Maio (Só Paulo). Os pioneiros do movimento, que inicialmente dançavam o Break, foram Nelson Triunfo, depois tarde & DJ Hum, MC/DJ Jack, Os Metralhas, Racionais MC's, Os Jabaquara Breakers, Os Gêmeos e muitos outros. Eles dançavam na Rua 24 de Maio, mas foram perseguidos por lojistas e policiais; depois foram para a Só Bento e lá se fixaram. Houve um período de diviso entre os breakers e os rappers, os primeiros continuaram na Só Bento, os outros foram para a Praça Roosevelt. O Rap, a princípio chamado de "tagarela", ascende e os breakers formam grupos de Rap. Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de Rap Nacional, a coletânea "Hip-Hop Cultura de Rua" pela gravadora Eldorado. Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e outros grupos iniciantes. 

Scrcraaantshhhh!! Empurrada pela mó negra na contracorrente do disco, a agulha arranha o vinil. Jovens pretos, garotos pobres, adolescentes enfezados saltam, das piruetas, rolam no chão. A música no é embalo para ouvidos pacatos. A dança no é samba, malemolência, remelexo. Só gestos rápidos, gingas elétricas, agressivas. As letras no falam de amores mauricinhos nem dizem que o Haiti é aqui. Os pretos e pobres berram junto com o MC, o mestre de cerimônias: "Sub-raça é a puta que pariu!!!!" O dj pُe a mمo no disco e tira outro efeito. Seguem-se gritos rápidos, em rimas esquálidas - pau puro contra o racismo, o desemprego, a polícia, os políticos, as injustiças... 

O cotidiano nas periferias das grandes metrópoles brasileiras pode ser hostil e feio. Mas não é estéril. De suas vielas esburacadas, está ganhando força uma cultura visceral na sua rebeldia. A cultura funk, rap, espalha-se. Não adianta procurá-la na Rede Globo, nas invencionices modorrentas da draga quem do segundo caderno. 

A cultura da periferia e dos morros está lá: na feiura do subúrbio e das favelas, onde se espalha em músicas, bandas, bailes, códigos de comportamento, gírias e sinais. Tem até um nome, de sonoridade elétrica. Hip-Hop. 

Invisível a maior parte do tempo, esse mundo se chama a atenção no momento em que deixa de ser dança e música e se torna violência. A como caso de polícia, vira manchete, como aconteceu na semana passada. Na madrugada de domingo 2, no Rio de Janeiro, um menino de 14 anos voltava de ônibus para casa ao final de um baile funk quando foi morto com um tiro na barriga, de pistola automática disparada do interior de um Passat que emparelhou no trânsito. Na noite seguinte, trinta integrantes de uma galera invadiram uns ônibus armados de pedras e pedaços de pau, retiraram dois rapazes que foram amarrados, torturados e mortos a bala. O menino de 14 anos iria assumir seu 1؛ emprego no dia seguinte. Um dos rapazes mortos era assistente no consultório de um dentista e o terceiro trabalhava como segurança numa loja. 

Eles só dezenas de milhes de brasileiros -- jovens, negros e pobres. Habitam no outro lado do espelho das pás oficiais, onde se fazem 3 refeições por dia, discute-se o preço das mensalidades das escolas particulares e vai-se para Miami com as crianças. Imagine ligar TV e nunca encontrar a notícia de um bom programa para fazer ao fim de semana. Ou andar por um shopping center e ser seguido por seguranças desconfiados.

Imagine que sua filha assiste ao programa da Xuxa e, em vez de se divertir fica triste. "Xuxa pensa que não pode ter negra Paquetá. Minha filha vê o programa e se sente inferiorizada porque nunca vai ser uma delas", afirma Willian Santiago, 38 anos, cinco filhos, promotor de bailes em São Paulo e dono de uma gravadora da turma, a Zimbabwe. 

Imagine aparecer com uma bola de vôlei embaixo do braço, chamar os amigos pra brincar na areia e os demais banhistas sarem correndo. “Quando a gente aparece, sinto que quem está lá fica esperando confuso", diz o funkeiro carioca Marcelo da Silva Ferreira, o "Mopa", 20 anos. Imagine avistar um policial e sempre sentir medo. “Branco de cabeça raspada é universitário, preto é ladro" Edivaldo Quirino,22 anos, o "Edique" da banda Reflexo Urbano, de Sampa. “O Destino é Errado" - A música e a dança estão mobilizando os corações e mentes dos jovens dos morros e subúrbios. ة um movimento jamais visto, talvez, desde os primórdios do samba, quando, antes de o Carnaval virar um grande espetáculo, bancadas e gafieiras provocavam desconfiança e até temor. 

O cenário é feio, humilde e violento. Por esse mundo paralelo eles circulam uniformizados com bonés de jogador de basquete americano, camisetas coloridas e tênis. Os bailes funk reúnem milhares de adolescentes todos os finais de semana, especialmente no Rio de Janeiro. Na Bahia terra do axé música, enormes galpões se improvisam em Sales de baile que misturam funk e rap, nos bairros afastados de Salvador. Nas cidades satélites de Brasília o movimento é um estouro e, em Belo Horizonte, existem cerca de cinquenta bandas de rap, e os shows chegam a reunir até 5000 pessoas. Em Porto Alegre, que se imagina puramente branca mesmo com o negro Alceu Colares no Palco Piratini, os rappers agiram as ruas do centro da cidade com suas performances relâmpago, protestos mal-humorados e palavres. 

Em São Paulo, os grupos de rap chegam a centenas, e os bailes reúnem dezenas de milhares de jovens todos os finais de semana. O grupo Racionais Mc´s já venderam mais de 500.000 discos no seu último trabalho: “Sobrevivendo no Inferno". ة uma boa venda até para cantor famoso de gravadora de 1ھ linha, mas é bom saber que no seu possível encontrar os LPs dessa turma nas boas lojas do ramo, aquelas que têm ar refrigerado para os clientes, vendedores atenciosos e cabines isoladas para ouvir a obra inteira antes de passar no caixa. Só comercializados por pequenas lojas de zonas centrais das grandes cidades, onde o vendedor é também o proprietário e, às vezes ele próprio o produtor do disco. A rapaziada da periferia não tem dinheiro nem frequentou boas escolas. Incomoda com seus modos estranhos, pelo barulho de seus aparelhos de som e por residir num mundo o o horrorosamente real que a maioria das pessoas prefere no ver. 

Os rappers e funkeiros querem berrar para que saiba que na periferia há jovens que não se drogam, no trabalham para o tráfico e ganham dinheiro honestamente. Há também na periferia jovens que se drogam, trabalham para o tráfico e ganham dinheiro desonestamente, se que só minoria, como em todos grupos sociais. Essa gente se amontoa num beco social sem saída, mas, terra ل vista, nos últimos anos vislumbrou uma alternativa. Sua rebeldia com causa parece que se canaliza. Destila veneno sob fórmulas definidas: os versos longos e insubordinados do rap, a dança robótica do break, o grafite nos muros e a união em galeras para se defender - ou atacar - em grupo e frequentar bailes funk. 

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